Fernando Pessoa

Bate a luz no cimo 
Da montanha,
vê… 
Sem querer eu cismo 
Mas não sei em quê….
Não sei que perdi Ou que não
achei… 
Vida que vivi, Que mal eu a amei!…
Hoje quero tanto 
Que o não posso
ter, 
De manhã há o pranto 
E ao anoitecer…
Tomara eu ter jeito 
Para ser
feliz… 
Como o mundo é estreito,
 E o pouco que eu quis!
Vai morrendo a luz 
No alto da
montanha… 
Como um rio a flux 
A minha alma banha,
Mas não me acarinha, 
Não me
acalma nada… 
Pobre criancinha 
Perdida na estrada!…