Com dois eclipses (um acontecendo numa Super Lua), Mercúrio tornando-se retrógrado, Saturno entrando em Sagitário, Plutão estacionando direto em Capricórnio e Vênus completando sua jornada retrógrada através de Leão, há um pouco para todos os gostos, e nada é monótono! É claro que, se o que você almeja são momentos insípidos, então este mês será um tanto desafiador às vezes, a menos que você esteja preparado para ignorar suas preferências e ver o que a vida tem no cardápio. Pode ser que descubra um gosto por algo que você nunca tenha experimentado antes, ou uma surpreendente valorização de uma gentileza incidental e improvável. Embora “moderação em todas as coisas” possa ser um conselho útil, não há mal nenhum em tentar tudo primeiro, só para ver o que você perderia se não o fizesse!
Uma oposição entre Netuno e Júpiter e um sêxtil entre Saturno e o Nodo Norte sustentam setembro. Juntos eles exigem realismo comprometido ao lado de fidelidade a uma visão mais elevada. Este é um equilíbrio delicado a ser alcançado. Pouco adianta tentarmos ver a vida através de óculos cor-de-rosa, evitando, assim, encarar os desafios necessários; nem tem sentido ficarmos tão oprimidos por esses desafios, a ponto de desistirmos de enfrentá-los e nos voltarmos para dentro de nós mesmos e nosso mundo pessoal de fantasia ou negação. Nossa presença nesta Terra vem acompanhada de poder e responsabilidade, e os atuais momentos de grandes mudanças exigem que abramos nossos corações e mentes às implicações de ambos. Durante todo este mês seremos chamados a agir com responsabilidade e grande poder. Discernir como fazer isto respeitando o bem maior de todos é a chave para a nossa eficácia.
Os relacionamentos destacam-se fortemente em setembro, com Vênus em conjunção com Marte em Leão no começo do mês, Mercúrio retrógrado em Libra e Vênus voltando ao seu curso direto no dia 6. A primeira semana deste mês nos desafia a combinar o amor por nós mesmos com o amor pelos outros e a encontrar a expressão mais elevada de ambos… sendo “expressão” a palavra-chave, pois uma coisa é declarar amor e outra bem diferente é demonstrá-lo! Precisamos de mais do que palavras carinhosas para que o amor faça o mundo girar. Precisamos de ações nascidas do amor, estilos de vida centrados nele, prioridades que o reflitam. E, mais do que qualquer outra coisa, precisamos saber que o amor está além dos corações e flores dos romances e do acordo mútuo entre mentes afins. A suposição geral de que o amor deve ter um objeto sobre o qual são derramadas suas graças diminui sua força impressionante. Como seres relacionais, nós vivenciamos o amor principalmente dessa maneira, mas além desse amor personalizado, existe um campo infinito de amor do qual podemos nos abastecer. E isto é uma coisa que precisamos fazer cada vez mais neste mundo extremamente carente da expressão do amor. Setembro nos convida a ser amor – em companhia ou a sós, em público ou em particular – a conhecer a nós mesmos como uma força envolvente e acolhedora no mundo, não como um turbilhão de expectativa e desejo, divisivo e interessado apenas em si mesmo.
No dia 6 de setembro, ao terminar a fase retrógrada de Vênus em Leão – durante a qual tivemos ampla oportunidade de reconhecer nossa inevitável interdependência – entramos numa nova temporada de eclipses; um tempo no qual as consequências de ações passadas nos alcançam e o progresso (em qualquer direção!) ganha impulso. As temporadas de eclipse geralmente chegam repletas de surpresas e de “Oh, eu não sabia que estavam chegando!” Entretanto, nós provavelmente as teríamos visto chegar se estivéssemos prestando mais atenção! Esta vai durar até 12 de outubro, período no qual as situações que precisam mudar mudarão, e mudanças que já deveriam ter ocorrido há muito tempo poderão ocorrer, gostemos ou não! Mas, mesmo os eventos mais “extemporâneos” só acontecem quando está na hora deles – mesmo que não seja a nossa – e a melhor atitude numa temporada de eclipses é a de abertura e confiança em que o que quer que aconteça traz em si a semente de novos inícios, independentemente de como o sintamos no momento.
No dia 13 temos um eclipse solar em Virgem em oposição a Quíron, que enfatiza mais ainda a necessidade da consciência de grupo em vez da individual, e destaca nosso papel como partes componentes de um movimento maior em relação à integridade. Este é um eclipse modesto, que se curva às forças naturais que moldam o nosso mundo, reconhecendo que estas energias primordiais também fluem através de nós. Nós não estamos separados nem acima delas para manipulá-las de acordo com nossa conveniência, mas, ao contrário, somos animados por elas, vivificados pela presença delas. Eventos em torno dessa data vão nos lembrar do nosso lugar na ordem das coisas. Ações alinhadas com a causa maior da evolução planetária serão abençoadas pelas energias prevalecentes. Entretanto, aqueles que tendem a favorecer interesses pessoais acima dos que são úteis ao despertar planetário podem ter que se esforçar para conquistar uma posição. Em todas as coisas, o quadro maior é a chave, assim como a humildade de Virgem que afirma que um papel pequeno no grande drama do despertar coletivo é uma bênção extremamente maior do que um papel grande no minidrama das nossas vidinhas.
Em 17 de setembro, Mercúrio torna-se retrógrado em Libra, anunciando um período de três semanas de reflexão a respeito de como nos relacionamos com o mundo ao nosso redor. Se as energias do eclipse estiverem nos incomodando, Mercúrio nos revela a dinâmica subjacente que pode estar alimentando esse desassossego. Será que estamos sendo sinceros com os que estão mais próximos de nós, com nós mesmos, com o mundo em geral? Se não estamos, até que ponto escondemos a verdade e por quê? Todo mundo tem uma face pública e outra privada que podem diferir, às vezes consideravelmente. Mas se a diferença está criando discórdia, estresse e/ou confusão, é provável que precisemos diminuir a distância entre elas e assumir algumas verdades antes evitadas. É importante fazer isto antes de outubro, quando Marte primeiro e depois Vênus desencadearão questões levantadas pelo eclipse solar, oferecendo uma nova oportunidade de abordá-las de um ponto de vista mais aberto e comprometido.
Saturno entra em Sagitário no dia 18 de setembro, onde permanecerá até dezembro de 2017. É o momento de darmos forma aos nossos sonhos de longo prazo, para manifestar a presença deles como uma realidade e não como uma fantasia para “um dia, quando as coisas tiverem se encaixado em seus devidos lugares”. O fato é que nem tudo se encaixará no lugar. Nem tudo! Algumas coisinhas, sim, mas outras assumirão vida própria e farão suas próprias coisas. Cabe a nós decidir se vamos viver a vida em compasso de espera ou vivê-la no momento presente, fazendo dele o que pudermos. Saturno em Sagitário nos ensina que não precisamos de inspiração constante para agirmos, nem paz ilimitada para nos concentrarmos, nem abundância infinita para atingirmos nossas metas. Tudo que precisamos é de nós mesmos despertos e comprometidos em realizar as mudanças, preparados para manter o rumo e aceitar tanto os bons momentos quanto os maus. Saturno em Sagitário nos dá esperança, mas uma esperança prática, em nós mesmos e em nossa capacidade de fazer o que é preciso para manifestar a mudança; e não a esperança numa mudança milagrosa que nos ofereça a vida ideal numa bandeja.
A mudança de signo de Saturno é apoiada por Plutão que volta ao curso direto em Capricórnio no dia 25. Ele se encontra neste signo pragmático e diligente há mais de seis anos agora, e deveríamos estar nos acostumando com seu notável poder. Desde que se tornou retrógrado, em meados de abril, ele vem nos calibrando para que funcionemos com um combustível diferente: o da própria vida, e não o combustível das emoções e inspirações ou do desespero e angústia. Ele tem nos lembrado que não precisamos de grandes dramas para nos comprometermos com uma causa, nem de elevação espiritual para nos mantermos despertos para o mundo. Podemos simplesmente nos permitir ser alimentados pela essência da própria vida: algumas vezes emocionante, outras vezes tranquila, às vezes triste, às vezes inspiradora, algumas vezes sendo tudo o que queremos, outras vezes tudo o que tememos. Não precisamos fazer tanto alarde a respeito do despertar, transformando uma evolução natural numa identidade rígida. O universo só precisa que estejamos vivos e despertos, prontos para agir quando necessário, esperar quando for preciso e em ressonância com o fluxo e refluxo dos seus ciclos naturais, sem nos esforçarmos para moldá-los ao nosso próprio projeto, presumindo que sabemos mais!
Um eclipse lunar em 28 de setembro coincide com uma Super Lua, criando uma força extraordinária para a mudança interior, que pode nos pegar desprevenidos se o deixarmos! Este eclipse levanta a questão de como nosso relacionamento com nós mesmos influencia nosso relacionamento com os outros. Esta é uma lua extremamente subjetiva, sendo sua luz eclipsada pela opinião pessoal e pelo poder da nossa própria psique, que busca confirmar sua visão do mundo em primeiro lugar. Neste momento temos uma escolha a fazer: acreditar no que a nossa mente condicionada nos diz ou expandirmo-nos para além dela e descobrir novas perspectivas. A disposição para escolher esta última possibilitará uma comunhão mais profunda com os outros, bem como conosco mesmo, e uma apreciação maior de quão influentes podemos ser, mesmo – e talvez especialmente – quando não o percebemos! O poder deste eclipse pode desencadear uma nova visão para nós, a percepção de um potencial ainda não percebido. Ou pode cristalizar uma visão egocêntrica do mundo, que só serve para bloquear o progresso nos próximos meses. Percepção agora é fundamental, e disposição para sacrificar aquelas coisas que só servem a uma necessidade egoica de poder e importância, sem jamais nos alinhar com a causa mais profunda do despertar.
Ao se aproximar o fim do mês, podemos nos sentir libertados ou limitados… ou ambos em igual medida! A liberdade disponível, se permitirmos que os eventos deste mês ajam sobre nós, é igualada em força apenas à extensão do nosso apego àquilo que acreditamos ser imprescindível à nossa vida. Se terminarmos este mês fortemente agarrados a um futuro imaginado que, apesar disto, está escapando de nossas mãos, nós simplesmente precisamos liberá-lo e deixá-lo ir. Não há tempo para longas despedidas nem para compromissos entediantes que mitigam nosso medo, mas negam a nossa satisfação. O universo falou e suas palavras têm poder. Assim como nós temos quando nos alinhamos com seu desenvolvimento e nos tornamos exatamente aquilo que tememos: mudança desenfreada e potencial desconhecido. Só nos tornando vida é que podemos realmente vivê-la, preenchidos com sua vitalidade e poder irreprimível. Afastando-nos dela, nós embrutecemos nossa energia e impedimos nosso potencial de desabrochar.
Sarah Varcas (Astrologa – http://astro-awakenings.co.uk/ )