Profa. Edmeire C. Pereira
Vamos discutir hoje a questão da resiliência da natureza, ou seja, a sua
capacidade de assimilar resíduos e dejetos e de se regenerar.
Tomaremos por base, os pensamentos de
MUELLER (2007, p.86-119), que, em seu segundo capítulo – Elementos básicos da
questão ambiental, insere a questão da resiliência do meio ambiente nos efeitos
detrimentais, ao lado das catástrofes.
Primeiramente, o autor analisa a
complexa relação entre o sistema econômico e o meio ambiente, lembrando-nos das
duas importantes leis da Física: 1- a lei da conservação da matéria e da
energia = a primeira lei da Termodinâmica; 2- a lei da entropia = a segunda lei
da Termodinâmica. Com essa reflexão, o autor aponta três pontos-chave da
questão: 1- a extração dos recursos naturais; 2- a transformação dos recursos
naturais em bens e serviços e 3- os resíduos e rejeitos.
Feito isso, o autor parte para as
explicações do que vem a  ser o ciclo de materiais. Segundo ele, isso
significa que o sistema econômico precisa retirar materiais e energia do meio
ambiente para alimentar os processos de produção e consumo e, depois de muitas
mudanças, isso é devolvido ao meio ambiente, ou seja, a matéria e energia
degradadas. O uso de materiais decorre de parte do caráter dissipativo desse uso, segundo o autor, gerando emanações de matéria-energia (sol, combustíveis fósseis, poluição) devido ao
petróleo e derivados, metais, papel e celulose, alimentos e dejetos humanos),
os quais causam problemas de saúde e até chuva ácida!
Continua o autor nos elucidando que o
ciclo de materiais também perpassa a questão do lixo urbano e sua coleta, manejo integrado e os “lixões”. Além
disso, também tem conexão com os resíduos
das atividades extrativas,
tais como: bauxita, ferro e urânio; com impactos
no habitat, na biodiversidade, na
agropecuária e nos garimpos.  
Outro elemento básico da questão
ambiental para o autor é a degradação
ambiental
, pelos processos de transformação e/ou pelos processos de
macroformatação.  
Daí, evolui o autor para os ciclos naturais da água (chuvas) e
fotossíntese (plantas) e ciclos dos
nutrientes
(carbono, nitrogênio, enxofre e fósforo).
Os ciclos naturais têm a ver com a
classificação dos recursos naturais, em renováveis e não-renováveis. É nesse
contexto que o autor situa os efeitos
detrimentais,
por meio das catástrofes e da resiliência da natureza ou meio
ambiente.
Conclui o capítulo, com a indagação
de como fechar o ciclo dos materiais? Responde, então, o autor, que é com:
políticas de longo prazo, logística reversa e política de desmaterialização.
Esse é o entendimento da área de estudos denominada Economia do Meio Ambiente.
A par do entendimento teórico sobre a
resiliência do meio ambiente, vamos agora, citar uma matéria da revista Veja, de 20/06/12pp, onde seus autores
defendem que a delimitação de espaços geográficos por si só, “(…) não trará
de volta um mundo intocado, sem as intervenções do homem. O problema ambiental
só será solucionado por meio da integração entre a natureza selvagem e as
paisagens modernas” (KAREIVA; LALASZ; MARVIER, 2012, p.123-128).
arquivo pessoal 2005 Maria Rita

Estes autores levantam a polêmica da
conservação da biodiversidade por meio da polaridade de pensamento entre
Ecologistas e Conservacionistas. Segundo os autores da matéria, “perdemos muito
mais lugares e espécies do que salvamos” (p.123). No entanto, apesar do rápido
declínio da biodiversidade da Terra, “os ecologistas agora sabem que o
desaparecimento de uma espécie não leva à extinção de nenhuma outra” (p.125).

Citam os autores, “uma revisão
abrangente da literatura científica que identificou 240 estudos de ecossistemas
depois de sofrerem distúrbios como desmatamento, mineração, vazamento de
petróleo e outros tipos de poluentes. Em 72% dos casos acompanhados,
verificou-se a recuperação abundante de espécies de plantas e animais, assim
como outros indicadores de um ecossistema saudável” (p.125).
Para estes autores, por incrível que
pareça, a natureza é tão resistente que, até nos arredores da usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, que explodiu em
1986, “a vida selvagem floresce, mesmo com altos índices de radiação”. Também,
citam o Atol de Bikini, local de diversos testes nucleares, onde “o número de
espécies de coral é maior hoje do que antes das explosões”. E, mencionam,
também, “o petróleo que se espalhou no Golfo do México com o desastre na
plataforma Deepwater Horizon, há dois anos, foi decomposto e consumido por
bactérias em um ritmo notavelmente rápido”(p.126).
Uma coisa é certa: estão por toda a
parte do planeta Terra os efeitos da atividade humana sobre a natureza, quer
sejam: animais(tigres, macacos selvagens e ursos-polares), árvores e florestas,
peixes e baleias, pássaros silvestres e 
índios.
O que o homem precisa se conscientizar
rapidamente é que por mais resiliente que possa ser a natureza, tudo tem um
ônus, que, no nosso caso, de seres humanos, será a perpetuação ou não, de nossa
própria espécie, em nosso planeta azul!
Referências:
MUELLER, C. C.  Elementos básicos da questão ambiental.  In: _________.  Os
economistas e as relações entre o sistema econômico e o meio ambiente.
  Brasília/DF: UnB: FINATEC, 2007.  Cap.2, p.86-119.   
KAREIVA, P.; LALASZ, R.; MARVIER,
M.  A marca humana.  Revista
Veja
, São Paulo, Ed. 2274, ano 45, n.25, p.123-128, 20/06/12.

Departamento de Ciência e Gestão da
Informação da Universidade Federal do Paraná
Curitiba-PR/Brasil