Terminamos hoje, a nossa série de
mini textos sobre desenvolvimento sustentável e sustentabilidade, retomando o
documento oficial final da Rio + 20, aprovado por 188 países, denominado “O
Futuro Que Queremos”. Trata-se de um documento com 59 páginas e 283 parágrafos,
com 12 pontos principais, a saber (HTTP://www.ecodesenvolvimento.org):
      1-    Engajamento da sociedade
civil;
      2-    Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS);
      3-    Índice de Riqueza
Inclusiva (IRI);
      4-    Fórum da ONU para o
desenvolvimento sustentável;
      5-    Fortalecimento do PNUMA;
      6-    Redução das emissões de
gases das grandes cidades;
      7-    Investimentos do setor
privado
      8-    Empoderamento da mulher
      9-    Erradicação da pobreza;
10-Plano de Produção e
Consumo Sustentáveis
11-Responsabilidades
comuns, mas diferenciadas (CBDR);
12-Proteção aos oceanos.
O documento, segundo a
mídia, ressalta os aspectos sociais, a erradicação da pobreza, a melhoria da
qualidade de vida e coloca o Homem no centro de todas as preocupações. No
entanto, “temas polêmicos”, deverão ser tratados em outros eventos afins da
ONU, tal o caso do COP-18 – Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, que
acontecerá no final de 2012, no Catar.
Apesar disso tudo, a Rio +
20 foi um mega evento internacional que projetou o Brasil no tripé do
desenvolvimento sustentável: no aspecto
do crescimento econômico,
da inclusão social e da proteção do meio ambiente, com a redução dos
desmatamentos. 
Os seus números foram grandiosos
(HTTP://www.ecodesenvolvimento.org):
– 700 compromissos
voluntários;
– 45 mil pessoas;
– 190 chefes de Estado ou
governos;
– US$ 513 bilhões entre
metas e ações;
– 50 milhões de acessos ao
site da Conferência;
– Rio + 20 usada 1 bilhão
de vezes.
Um item especial abordado
na Conferência foi o da Educação, que consta dos parágrafos 229 a 235, do
documento acima.
Temos que perguntar como
será nosso futuro, ou seja, o futuro que queremos para as próximas gerações?
Na qualidade de docente de
ensino superior público e de qualidade, somos da opinião de que sem Educação
inclusiva para todos, não haverá pleno desenvolvimento, nem tampouco,
desenvolvimento sustentável. Comungamos da opinião de GADOTTI(2008,p.39-40), de
que os países ricos “têm dado mais atenção à EDS – Educação para o
Desenvolvimento Sustentável e os países pobres, devido à sua realidade, têm
dado mais atenção à EPT – Educação para Todos (Wade, 2007)”.
Sobre as diferenças de
abordagem, GADOTTI (2008, p.40), assim se expressa:
“A EPT refere-se à
educação básica, ao sistema formal, às necessidades básicas de aprendizagem, às
escolas, à alfabetização, ao direito à educação. Basicamente, a EPT envolve
apenas o Ministério da Educação. Ao contrário, o movimento da EDS vai além da
educação básica e da educação formal. É também não-formal e envolve a educação
ao longo de toda a vida (nível social, sistemas e organizações). A EDS serve
para reorientar o curriculo. Ela é mais emancipatória e envolve outros
ministérios, como o do Meio Ambiente, Agricultura etc.”
Ao que tudo indica,
estamos diante de um novo paradigma civilizatório, como já vinha afirmando
Leonardo Boff há muitos anos. “A categoria sustentabilidade é central para a
cosmovisão ecológica e, possivelmente, constitui um dos fundamentos do novo paradigma
civilizatório que procura harmonizar ser humano, desenvolvimento e Terra
entendida como Gaia”.
Portanto, para esse novo
momento civilizatório crucial para o Homem, faz-se necessário uma nova
pedagogia de educação de jovens. Educar para uma vida sustentável, na visão de
GADOTTI (2008, p.61-86), é trabalhar com o novo conceito de “ecopedagogia” e
educação para a sustentabilidade; é educar para uma cultura da paz e da
sustentabilidade; é promover o encontro da educação ambiental com a educação
para a sustentabilidade.
À propósito da Educação
Ambiental, ela já é uma realidade em nosso país, desde 1999, com a aprovação da
Lei n. 9.795 de 27/04/1999 – Dispõe sobre a Educação Ambiental, institui a
Política Nacional de Educação Ambiental (BARBIERI, 2012, p.351).
Por essa lei, a educação
ambiental tem de estar presente em todos os níveis e modalidades de ensino,
formal e não formal. Além do que, a sua regulamentação estabelece que devem ser
criados, mantidos e implementados programas de educação ambiental integrados
aos processos de capacitação de profissionais realizadas por empresas,
entidades de classes, instituições públicas e privadas (BARBIERI, 2012, p.173).
Nesse sentido, a
Universidade Federal do Paraná – UFPR tem procurado inovar nessa área com diversas
iniciativas, para se tornar uma “universidade verde”. Segundo seu Reitor atual
– Prof. Dr. Zaki Akel Sobrinho:
“Diversas ações foram
iniciadas, como a criação do LIGH – Laboratório de Imunogenética e
Histocompatibilidade e a manutenção de uma Divisão de Gestão Ambiental reforçam
o seu compromisso com o tema. Ainda na área de redução de resíduos, uma ação
simples = a distribuição de caneca para cada membro da universidade. Uma
parceria entre a UFPR e a UNINDUS (Universidade da Indústria, ligada ao Sistema
FIEP) permitiu a oferta de um curso de extensão em Administração Sustentável,
voltado para estudantes do terceiro semestre dos Cursos de Administração das
faculdades de Curitiba e região” (SOBRINHO, 2011).
Entretanto, não podemos
deixar de mencionar os esforços do Departamento de Economia da UFPR, do Setor
de Ciências Sociais Aplicadas, que dispõe de disciplinas de Desenvolvimento
Sustentável e Contabilidade Social aos estudantes. Além de ter dispendido
esforços no sentido da criação de outro laboratório para a Universidade,
intitulado Laboratório de
Ecossocioeconomia
– ou simplesmente, Ecolab.
Este laboratório surgiu em
2005, como uma proposta multi e interdisciplinar da parte de seus integrantes
(docentes, discentes, técnicos e sociedade), cujo mentor intelectual foi o
Prof. Dr. Blas Enrique Caballero Nunez (atualmente, aposentado do Departamento
de Economia).
Sua missão é educar para a
sustentabilidade, por intermédio de várias ações pró-sustentabilidade na UFPR,
destacando-se o Programa de Educação para o Desenvolvimento Sustentável
pela Docência, Investigação e Extensão Universitária.
O escopo desse Programa é
trabalhar a partir do conceito de Ecossocioeconomia, de Karl William Kapp,
economista de origem alemã e um dos mais brilhantes inspiradores da ecologia
política dos anos 1970 (SACHS, 2007). Ou seja, tomando-se por base uma abertura
da economia à ecologia humana, à antropologia cultural e à ciência política
contemporânea.
Em termos de resultados
concretos, o Ecolab já treinou com certificação um total de 448 universitários,
em desenvolvimento sustentável; realizou 12 exposições – EXPO-ECO; colocou um
site no ar e teve a sua formalização acadêmica, como uma “Unidade Acadêmica”,
junto ao Setor de Ciências Sociais Aplicadas da UFPR, por meio de Resolução n.
96/2008 – S A, de 31/07/2008 e trabalhou com nada menos que 40 boas práticas de
ensino-aprendizagem (PEREIRA, 2011, p.15-24).
Atualmente, o Ecolab conta
com a gestão da Profa. Dra. Denise Maia, do Departamento de Economia da UFPR;
com a continuidade da colaboração desta autora, como Vice-Coordenadora do
referido laboratório. Nesta nova fase dos trabalhos, um importante Curso de
Extensão tem sido oferecido aos interessados. É sobre “Ferramentas Digitais do
IBGE”, em parceria com o CEPEC/UFPR e do DECIGI/UFPR.
São ofertados 5 módulos:
Conhecimentos Básicos; Banco de Dados; Sistema SIDRA; Estatcart e Dados
Avançados. Perfaz um total de 60 hs. E, o objetivo principal do curso é
capacitar usuários dos dados e informações do IBGE na concentração de informações
estatísticas de todas as pesquisas realizadas pelo órgão, na forma de tabelas,
gráficos ou cartogramas.
Em termos de projeto
coletivo em prol do desenvolvimento sustentável, a UFPR também participou da
criação da publicação CRIE, em 2011, com a UTFPR, a PUC-PR e o Sistema
FIEP/SESI/SENAI. A publicação visa trazer à sociedade ações efetivas na solução
de problemas socioambientais. A Coordenação é da Profa. Dra. Zióle Zanotto
Malhadas.
Por fim, entendendo tanto
quanto CAPRA (2003), de que uma “alfabetização ecológica” (ecological literacy) é o primeiro passo para a Sustentabilidade,
gostaríamos de deixar uma mensagem de paz a todos os nossos leitores, pelas
belas palavras de Daniel Namkhay:
“Tendo chegado perto do
limite de tolerância da mãe Terra todas as  tribos estão se unindo e, acendendo novamente
o cachimbo sagrado da paz, um grande fogo onde queimarão todos os ódios,
racismo, limites, medos e preconceitos que nos levaram a esta situação, podendo
de novo viver em paz. Que o fogo sagrado aceso não se apague, que a pureza da
água e do ar possa beneficiar a todos os seres, que a nova tribo de irmãos na
paz tenha a força para acrescentar alegria, respeito e luz a este bonito
planeta azul”.   
Que a paz esteja convosco!
Referências:
BARBIERI, J. C. Gestão ambiental empresarial: conceitos,
modelos e instrumentos.  3.ed.  São Paulo: Saraiva, 2012. 358p.
GADOTTI, M. Educar para a sustentabilidade: uma
contribuição à década da educação para o desenvolvimento sustentável.  São Paulo: Editora e Livraria Instituto Paulo
Freire, 2008.  127p. (Série Unifreire,
2).
PEREIRA, E. C.
(Org.).  Propriedade intelectual e informação para indústria e negócios: abordagem para NIT.  Curitiba: UFPR, 2011. 224p.; p.15-24.
SACHS, I.  Rumo à
ecossocioeconomia
: teoria e prática do desenvolvimento.  São Paulo: Cortez, 2007.  472p.
SOBRINHO, Z. A  Transformar pela educação, em defesa do
planeta.  Revista CRIE, Curitiba, ano 1, Ed. 1, p.8-9, jun. 2011.
Profa. Edmeire C. Pereira
Departamento de Ciência e Gestão da Informação da Universidade Federal do Paraná
Curitiba-PR/Brasil