Profa. Edmeire C. Pereira
Departamento de Ciência e Gestão da
Informação da Universidade Federal do Paraná
             A partir da semana que vem, de 13 a 22 de junho de 2012, a
cidade do Rio de Janeiro será palco de grandes debates sobre Desenvolvimento e
Meio Ambiente, com a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento
Sustentável, mais conhecida como Rio + 20. Ela tem essa denominação porque será
realizada vinte anos após outro evento sobre o tema em caráter internacional,
que ficou conhecido como Eco-92; também realizado na cidade do Rio de Janeiro.
Portanto, todos os holofotes do mundo todo estarão voltados para o Brasil.
O objetivo principal da Conferência será o da “renovação do
compromisso político com o desenvolvimento sustentável, por meio da avaliação
do progresso e das lacunas na implementação das decisões adotadas pelas
principais cúpulas sobre o assunto e do tratamento de temas novos e
emergentes”. E, seus dois temas principais serão: “1- a Economia Verde no
contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza; 2- a
estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável” (disponível em: HTTP://www.rio20.gov.br – acesso em: 05/06/12).
Como o conceito de Desenvolvimento Sustentável não é
universalizado na literatura, ficamos com o pensamento de VEIGA (2007), que nos
diz que o desenvolvimento sustentável deve ser visto por todos como um novo
valor para o século XXI e que essa expressão tem de ser acrescida do adjetivo
“sustentável”, desde o final do século passado, posto que, se não for assim,
estaremos incorrendo no erro de sermos “politicamente incorretos”.
Segundo VEIGA (2007), a expressão do desenvolvimento
sustentável foi publicamente empregada pela primeira vez, em agosto de 1979, no
Simpósio das Nações Unidas sobre as Inter-Relações entre Recursos, Ambiente e
Desenvolvimento e começou a se legitimar em 1987, quando Gro Harlem Brundtland,
a presidente da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a
caracterizou como um “conceito político”, perante a Assembléia Geral da ONU,
daquele ano.
Ainda, para esse autor, para que o desenvolvimento
sustentável deixe de ser um mero “conto de fadas”, as sociedades contemporâneas
têm de  assumir uma agenda ambiental com
doze graves desafios, a saber: habitat – fontes proteicas- biodiversidade- solos-
energia- água doce- capacidade fotossintética- químicos tóxicos- espécies
exóticas- gases de efeito estufa- crescimento populacional- aspirações de
consumo.         
Acrescentaríamos a esta lista de desafios, mais dois: a
gestão do lixo e os créditos de carbono. O que não fica nada longe das
dimensões da sustentabilidade, abaixo (www.onu.org.br):
1-gestão de emissões de gases de efeito estufa
2-gestão de resíduos sólidos
3-compras públicas sustentáveis
4-eficiência energética
5-recursos hídricos
6-construções sustentáveis
7-alimentos sustentáveis
8-educação ambiental
9-turismo sustentável
10-transportes
O que precisamos compreender urgentemente é que
desenvolvimento sustentável é “processo político e estratégico” das nações, dos
países; e que, sustentabilidade, é “padrão de consumo” de pessoas, grupos,
empresas, países etc. 
A par desses desafios, há que se mencionar que crescimento
econômico, desenvolvimento social e meio ambiente sempre foram questões
conflituosas, pois, de um lado, há o aumento abusivo da extração de recursos
naturais pelo Homem e, de outro, há o aumento das emanações de resíduos e
rejeitos. Para MUELLER (2007), estamos longe de chegar a um consenso em termos
de equalização de teorias e de impactos sobre o meio ambiente.
O que não podemos perder de vista é que crescimento não é
desenvolvimento! Não se pode explicar as conquistas de um povo, meramente por
seus números de PIB (Produto Interno Bruto). Daí, os economistas terem criado
outros índices de bem-estar social, para tentar “medir” a qualidade de vida das
pessoas, tais como: o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), que mede
basicamente, a saúde, a educação e a renda; e o ESI (Índice de Sustentabilidade
Ambiental), que mede uma série de variáveis de sustentabilidade, em cinco
dimensões: sistemas ambientais, estresse, vulnerabilidade humana, capacidade
social e institucional e responsabilidade global (VEIGA, 2007).
É no bojo desta discussão que entra o novo conceito de
economia verde, que será um dos temas principais da Rio + 20, conforme já dito
anteriormente , neste texto.
Trata-se de um termo ou expressão também controverso e que
veio a substituir o termo “ecodesenvolvimento”, desde 1972, com a Conferência
de Estocolmo e depois na Eco-92. Na ocasião, o canadense Maurice Strong do
PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) solicitou ao economista
e sociólogo Ignacy Sachs, que desenvolvesse o conceito, o qual foi feito em
cinco dimensões da sustentabilidade, por Sachs: social, econômica, ecológica,
espacial e cultural (SACHS, 2009).
O PNUMA concebe a economia verde como “aquela que resulta em
melhoria do bem-estar humano e da igualdade social ao mesmo tempo em que reduz
significativamente os riscos ambientais e a escassez ecológica. E, sustenta-se
em três pilares: é pouco intensiva em carbono; é eficiente no uso dos recursos
naturais e é socialmente inclusiva” (disponível em: HTTP://www.radarrio20.org.br/index/php – acesso em: 05/06/12).
O que queremos deixar claro como mensagem neste texto é que,
apesar das ambiguidades terminológicas dos termos acima, a semântica de seus
significados é que é importante, para a sociedade.
No caso do conceito da economia verde, o que se visa é que na
hora das decisões planetárias, dos países ou mesmo, empresariais, os cidadãos/gestores
incluam os aspectos importantes do desenvolvimento sustentável e da
sustentabilidade em suas decisões. É isso o que gostaríamos de ver cada vez
mais debatido e praticado entre as nações. Daí, a importância global da Rio +
20.
Além desse aspecto de tomada de decisões num nível mais
macroeconômico, os empresários brasileiros também poderiam empreender novos
“negócios verdes”, a exemplo do que já fazem muitos países desenvolvidos. E, a
hora é agora: nessas próximas duas décadas de pleno crescimento econômico em
nosso País. Transformar momentos de crise em ricas oportunidades para todos,
eis o nosso desafio.
Esperamos sinceramente que este evento contribua para as
questões globais e locais de uma maneira proativa, ao cobrar sim, dos
países-membros da ONU (quase duzentos) uma posição com relação às suas
iniciativas de desenvolvimento sustentável, relatando todos eles, os seus
avanços (e recuos, se for o caso, também).
Vamos aguardar as novidades da Rio + 20 e celebrar esta
semana alusiva às comemorações mundiais do Dia Mundial do Meio Ambiente
(05/06), com muitas reflexões sobre a data e o que realmente ela significa para
todas as pessoas deste planeta. De preferência, com muitas “atitudes
sustentáveis”, também. Será que temos motivos para isso? A resposta, prezados
leitores, está em nossas consciências…
Referências:
MUELLER, C. C. 
Crescimento, desenvolvimento e meio ambiente.  In: 
_________.  Os economistas e as relações entre o sistema econômico e o meio
ambiente
.  Brasília,DF: Ed. UnB:
FINATEC, 2007.
SACHS, I.  A terceira margem: em busca do
ecodesenvolvimento.  São Paulo: Cia. das
Letras, 2009.
VEIGA, J. E. da.  A emergência socioambiental.  São Paulo: Ed. SENAC, 2007.