Profa. Edmeire C. Pereira

Crescimento econômico,
desenvolvimento social e proteção do meio ambiente, desde a década de 1970,
mais do que nunca, têm sido estudados e discutidos na formulação de políticas
públicas dos países, haja vista, as discussões atuais da Conferência
Internacional da ONU – Rio + 20.
Há, ainda, muitas questões e
controvérsias na origem da Economia do Meio Ambiente, conforme MUELLER (2007,
p.29-85). Posto que, de um lado, há um aumento da extração de recursos naturais
e de outro, há um aumento das emanações de resíduos e rejeitos. Com isso, para
este autor, estamos longe de um consenso entre teorias e impactos ao meio
ambiente, porque as correntes de pensamento de escala da economia e o meio
ambiente, estilos de desenvolvimento e o meio ambiente e a dinâmica
demográfica, com seus elementos, populações, pobreza e o meio ambiente estão
longe de convergir.
Daí que, uma das grandes preocupações
de cientistas, ambientalistas, estadistas tem sido com o consumo excessivo de
bens e produtos da parte das pessoas no planeta. E, esse consumo exagerado tem
agredido em muito o meio ambiente. Pensemos na questão do lixo urbano, por
exemplo.
No entanto, apesar disso, segundo VAN
BELLEN (2009), existe a necessidade de se desenvolver ferramentas de mensuração
e avaliação da sustentabilidade. Este autor, estudou três ferramentas em sua
tese de doutorado: 1- pegada ecológica (ecological
footprint method
); 2- painel da sustentabilidade (dashboard of sustainability); 3- barômetro da sustentabilidade (barometer of sustainability).
Especificamente, sobre a pegada
ecológica, o autor nos diz que esse conceito/método foi delineado por
Wackernagel e Rees, em 1996 e que “representa o espaço ecológico correspondente
para sustentar um determinado sistema ou unidade”. Portanto, segundo o autor, a
pegada ecológica é a “área de ecossistema necessária para assegurar a
sobrevivência de uma determinada população ou sistema” (VAN BELLEN, 2009,
p.102-103). Só para citar um exemplo emblemático: os padrões altíssimos de
consumo dos EUA! Quantos planetas Terra teríamos que ter se outros países do
globo pudessem consumir de tudo exageradamente como os EUA? Muitos,
certamente… E, ainda mais, com o crescimento demográfico da população
mundial, que já ultrapassou os 7 bilhões de seres humanos, em 2007!
ALVES (2012), apresenta três cenários
demográficos diferentes projetados pela ONU, caso a população feminina resolva
ter mais ou menos filhos, até 2100,  e
como isso vai determinar as demandas por recursos naturais da Terra. No cenário
1, se a fecundidade for baixa de 1,6 filho por mulher, com população de 6
bilhões de habitantes, haverá necessidade de 1,2 planeta Terra. No cenário 2,
se a fecundidade for média de 2,1 filhos por mulher, com população mundial de
10 bilhões de habitantes, haverá necessidade de 2 planetas Terra. E, por fim,
no cenário 3, se a fecundidade for alta de 2,5 filhos por mulher, com população
mundial de 16 bilhões de habitantes, haverá necessidade de 3,2 Terras!!!
Para a ONG WWF (www.wwf.org.br), que atua no Brasil, desde meados
de 1971, com Educação Ambiental, “a pegada é também uma ferramenta de leitura e
interpretação da realidade, pela qual poderemos enxergar, ao mesmo tempo,
problemas conhecidos, como desigualdade e injustiça, e, ainda, a construção de
novos caminhos para solucioná-los, por meio de uma distribuição mais
equilibrada dos recursos naturais, que se inicia também pelas atitudes de cada
indivíduo”.
Portanto, para esta ONG, “a pegada
ecológica não é uma medida exata e sim uma estimativa”. Ela evidencia como o
nosso estilo de vida sobrecarrega o meio ambiente. É por isso que devemos
reduzir nossos consumos, reutilizar materiais e reciclar tudo o que for
possível. Nessa ótica, temos que nos preocupar e tentar minimizar a utilização
de água potável, energia, transportes, alimentação e descartes.
Mas, o que compõe a pegada ecológica?
Para a WWF, seja “a pegada de um país, de uma cidade ou de uma pessoa, isso
corresponderá ao tamanho das áreas produtivas de terra e de mar, necessárias
para gerar produtos, bens e serviços que sustentam determinados estilos de
vida. Em outras palavras, a pegada ecológica é uma forma de traduzir, em
hectares (ha), a extensão de território que uma pessoa ou toda uma sociedade
“utiliza”, em média, para se sustentar”.
ALMEIDA ET AL. (2008, p.6), explicam
que este método da pegada ecológica calcula a área necessária para manter uma
determinada população ou sistema econômico baseado em: a) energia e recursos
naturais; b) a capacidade de absorção de resíduos ou dejetos do sistema.
Portanto, a classificação que os autores adotam para as categorias de análise
são: 1- Alimentação; 2- Habitação; 3- Transportes; 4- Bens de Consumo; 5-
Serviços.
À essa altura, os leitores estão se
perguntando: qual será o tamanho da minha pegada ecológica no planeta? Para
responder a isso, existe um questionário de 15 perguntas da WWF, que tem como
objetivo identificar os hábitos de estilo de vida das pessoas, para poder
estimar a quantidade de recursos naturais necessária para sustentar as suas
atividades diárias. Responda a esse questionário e conheça o tamanho estimado
de sua pegada ecológica! O planeta e a vida agradecem!
Referências:
ALMEIDA, K. F. de ET AL.  Padrão
de consumo e degradação ambiental na cidade de
Curitiba: uma abordagem na perspectiva do método da pegada
ecológica.  Curitiba: UFPR/DECONT,
2008.  31p.  (Artigo de pesquisa inédito).
ALVES, J. E. D.  Gente um tabu a ser enfrentado.  Revista
Veja
, São Paulo, Ed. 2274, ano 45, n.25, p.116-119, 20/06/12.
MUELLER, C. C.  Crescimento, desenvolvimento e meio
ambiente.  In: ________.  Os
economistas e as relações entre o sistema econômico e o meio ambiente
.  Brasília, DF: Ed. UnB: FINATEC, 2007.  p.29-85.
VAN BELLEN, H. M.  Apresentação dos sistemas de indicadores de
desenvolvimento sustentável.  In:
________.  Indicadores de sustentabilidade: uma análise comparativa.  2.ed. 
Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2009. 
P.101-164.
WWF-BRASIL.  Pegada
ecológica
: que marcas queremos deixar no planeta? – cartilha.  Brasília/DF: WWF-Brasil, 2007.  37p.
Profa. Edmeire C. Pereira
Departamento de Ciência e Gestão da
Informação da Universidade Federal do Paraná
Curitiba/PR – Brasil